domingo, 1 de fevereiro de 2009

Sweet Dream

Reencontrámo-nos no lugar onde já tantas vezes partilhámos histórias, segredos, onde te envolvi no meu mundo. Hoje, como tantas outras vezes, quiseste olhar-me nos olhos, estudaste os traços do meu rosto, reparaste no nervosismo com que entrelaçava as minhas mãos e na timidez permanente com que te encaro. A tua pergunta, recorrente, familiar, preocupada, ecoou na minha alma e senti que parte de mim se havia desfeito ao escutar as tuas palavras.
"Porque é que estás tão triste?"
A eterna pergunta sem resposta, e desta vez não foi excepção. Permaneci calada, fechada na minha depressão, a pensar como explicar aquilo que sentia. Não havia explicação, chegava sem aviso e desaparecia da mesma maneira, deixava-me de rastos, sem conseguir ler um livro até ao fim, sem esboçar o menor sorriso, e normalmente deixava-me pensativa e melancólica.
Subitamente, oiço de ti, uma outra pergunta, esta nada recorrente nem familiar, diferente de todas as outras que já me fizeste e ainda assim tão bonita, tão cheia de carinho e preocupação (tal como todas as outras.)
"Posso dar-te um abraço?"
Não respondi. Que resposta poderia eu dar? E abracei-te, deixei que curasses as feridas que o tempo me inflige.



["The feeling that I'm losing her forever and without really entering her world.(...) Sometimes I wish that I could freeze the picture and save it from the funny tricks of time. Slipping through my fingers."]

3 comentários:

miguel o gonorreias disse...

a estreia da nossa escritora no estilo prosa é brilhante! descobrimos que afinal o talento vai para os dois caminhos.
amo-te imenso meu amor que escreve lindamente

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Filipe G. Ramos disse...

minha querida,
não obstante ser um grande amigo teu, devo dizer-te que este teu texto é absolutamente fenomenal!
e dizias-me tu que era um horror em prosa. quem dera a muitos serem este "horror" a escrever.
continua.