Reencontrámo-nos no lugar onde já tantas vezes partilhámos histórias, segredos, onde te envolvi no meu mundo. Hoje, como tantas outras vezes, quiseste olhar-me nos olhos, estudaste os traços do meu rosto, reparaste no nervosismo com que entrelaçava as minhas mãos e na timidez permanente com que te encaro. A tua pergunta, recorrente, familiar, preocupada, ecoou na minha alma e senti que parte de mim se havia desfeito ao escutar as tuas palavras.
"Porque é que estás tão triste?"
A eterna pergunta sem resposta, e desta vez não foi excepção. Permaneci calada, fechada na minha depressão, a pensar como explicar aquilo que sentia. Não havia explicação, chegava sem aviso e desaparecia da mesma maneira, deixava-me de rastos, sem conseguir ler um livro até ao fim, sem esboçar o menor sorriso, e normalmente deixava-me pensativa e melancólica.
Subitamente, oiço de ti, uma outra pergunta, esta nada recorrente nem familiar, diferente de todas as outras que já me fizeste e ainda assim tão bonita, tão cheia de carinho e preocupação (tal como todas as outras.)
"Posso dar-te um abraço?"
Não respondi. Que resposta poderia eu dar? E abracei-te, deixei que curasses as feridas que o tempo me inflige.
["The feeling that I'm losing her forever and without really entering her world.(...) Sometimes I wish that I could freeze the picture and save it from the funny tricks of time. Slipping through my fingers."]
3 comentários:
a estreia da nossa escritora no estilo prosa é brilhante! descobrimos que afinal o talento vai para os dois caminhos.
amo-te imenso meu amor que escreve lindamente
minha querida,
não obstante ser um grande amigo teu, devo dizer-te que este teu texto é absolutamente fenomenal!
e dizias-me tu que era um horror em prosa. quem dera a muitos serem este "horror" a escrever.
continua.
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