vejo-te através de uma janela, vestida de branco com colares vistosos em prata, sentada num banco a gesticular e a disparar palavras, o cabelo negro aproveitando a brisa para mostrar os longos fios madre pérola.
deito-me a escrever e penso que te conhecia nesses dias, antes de saber que és mais que uma ideia, passível de ser guardada e esquecida nas nossas gavetas pessoais. acho até que me sentava corajosamente ao teu lado como se fôssemos fruto de uma mesma árvore, ignorante às marcas que nos distinguem, ouvindo as tuas teorias e deambulações como parte de uma vida que nos pode calhar ao virar da esquina.
é a tua imagem clara de olhos brilhantes à espera das lágrimas que surge à janela e finge dizer, de novo, o meu nome. contudo, a brisa que antes te agitava suavemente cada fio de cabelo transforma-se num vento violento, que ameaça fechar o portal que abri, aqui sozinha, para te reconhecer nos dias pacíficos. já sei que as tempestades existem e que não pertencemos ao mesmo lugar, mas enlaço as memórias que me ofereceste à roda da minha fogueira.
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