terça-feira, 4 de abril de 2017

vie

querida C.,
fiquei muito preocupada contigo. quis ligar-te. ia fazer-me bem ouvir-te e absorver essa tua aparente calma e maturidade.
têm-me acontecido coisas incríveis, C.. ultimamente saio de casa e formam-se frases inteiras, poemas inteiros, na minha cabeça. tento decorá-los e sentar-me a escrever mas nem sempre os consigo agarrar. comecei a escrever-te no autocarro.
tenho lido muita poesia. tenho lido muito. já consigo ler outra vez, C.. fixo-me sempre nos mesmos pormenores e tenho sempre saudades. já sabes que não passo desta alforreca saudosista.
continuo a teatrar e a querer que me vás ver, um dia... eu sei que ia morrer de vergonha, mas do palco todas as caras são iguais e era bom saber que me apoias.
querida C., eu também não sei se estou bem. podemos lamentar juntas. ou rir das crises parvas que temos. ou chorar. muito. posso contar-te tudo, tenho aqui um nó na garganta. e às vezes choro muito. prometo que termino numa nota positiva, vie c'est le mot. tu sabes.


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