segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

2016 II

era tudo tão intenso dantes e a vida seguia de uma maneira tão frenética que os anos passavam sem darmos por eles, percorriam os nossos dedos, as nossas mãos juvenis, o nosso coração taquicardíaco. tu surgiste no meio do caos e o silêncio que partilhávamos era o suficiente para colocar os pés na terra e voltar à sanidade. nunca pensei que a desordem de outrora voltasse. nunca pensei que as dúvidas e os anseios da pré-adolescência se manifestassem tão tarde.
este ano já não existes. o silêncio que agora partilhamos é consequência da distância, já não me puxas para a realidade mas ainda te oiço.
não sei reagir às tuas palavras. este ano reli o que me disseste. escrevo tudo para não me esquecer que há pessoas maiores que os nossos sentimentos. depois de procurar o que me marcou, voltei a ouvir essas mesmas frases e não... não sei o que escrever sobre o nó que se deu no meu cérebro. não sei o que permite que no espaço de uma semana te leia e te oiça.
e este foi o ano em que tanto à nossa volta (e em mim) morreu. tantas lágrimas pelo final. tanto tempo a pensar no final.
ainda hoje me pergunto se deveria ter cedido. se a vontade era tanta para quê adiar? mas arrasto-me e sei o que me espera e tu já reviraste os olhos. este ano olhei para ti. surpresa, cá estou passados estes anos todos, enterrada a mágoa, cá estou. tu foste porque quiseste e as tuas palavras ficaram, para que eu desconfie sempre de quem te repete, para que eu morra um pouco cá dentro quando sussurram o passado.

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