quando não sabia o que fazer com as palavras escrevia cartas
tu nunca as lias, mas era aí que largava o peso que trazia
o papel não nos tenta afastar, acolhe todas as letras apaticamente
e se nem me podia cruzar contigo, como é que haveria de contar-te a história dos dias?
tenho pensado muito na tua expressão decepcionada, porque tenho medo
há quem pareça transportar a tua essência, em quem vejo os teus olhos
carregados de amizade e de carinho e, mais tarde, de tristeza
nos teus dedos um cigarro, que já era apenas cinza, espera o fim
eu nunca percebi os teus olhos e as palavras que escondiam
nunca recebi as cartas que não escrevias.
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